sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Presente e ausente

Posso não ser uma pessoa bonita.. mas sou a pessoa que sou, ponto. Sem os preconceitos de outros tempos, ou pelo menos procurando não os ter. Sou eu. Sem me preocupar em disfarçar, esconder, representar.. Não estou sempre feliz, não sou sempre conveniente, não sou sempre humilde ou delicada.. Não tenho os mesmos interesses, não sinto as mesmas coisas, não me preocupo com as mesmas causas.. Deixei de tentar pertencer à carneirada, penso, pelo menos nalguns assuntos. E já não sou sempre sorridente e amena companhia.. Também sou inconveniente, fechada, calada.. Infantil. Desinteressada e desinteressante. Sou assim, sou eu.

Aprendi que é fácil desligar a ficha quando todo o bláblá irrita e não me diz nada.. Acontece lá longe, numa qualquer realidade paralela.. Estou sozinha comigo, fechada no meu mundo.. Mais ou menos cor-de-rosa.

Hoje foi como se fosse a primeira vez.. Deixei-me tocar e surpreender.. Arrepiei-me de antecipação, voltei a suspirar, a estremecer até ao fundo do meu ser.. Senti-me completa.. Não fui objecto nem fui complicada! Deixei-me levar.. Tão natural e tão doce.. Tão intenso e verdadeiro.. Senti-me amada e conectada, como há muito tinha deixado de sentir.. Voltei a amar e a sentir o prazer do amor.. De estar de facto com alguém, de estar presente..

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Semáforos

Se a vontade é mudar, se as coisas não vão bem... Se a alma é atravessada por milhões de dúvidas.. A atitude é carregar no acelerador e rumar a novas paragens, tomar coragem e procurar um destino diferente..

Se tudo vai bem ou é essa a nossa ilusão.. Se temos fé, se temos esperança no caminho traçado.. Então a atitude talvez seja abrandar e tomar cuidado.. Vigiar o caminho, antecipar as ameaças.. Salvaguardar o nosso conto-de-fadas numa redoma tão resistente quanto possível! Zelar para que dure um pouco mais..

Por outro lado.. Se as dúvidas igualam as certezas e não sabemos bem se preferimos ficar ou partir.. Estamos ali no fio da navalha, percorremos a orla do precipício sem saber se pendemos para um lado, se para o outro.. Que risco parece parece valer mais a pena.. Se mergulhar no vazio, se mergulhar no real.. É quando hesitamos em carregar no acelerador ou no travão.. Quando cai o amarelo.. ou o vermelho! Naquele preciso instante.. De que lado da corda está o braço mais forte? A mão que nos puxa para a realidade ou a que nos empurra para a incerteza?

E se cada sinal vermelho obrigasse a mudar de direcção?

sábado, 31 de outubro de 2009

"E se"?

Há alturas em que parece tão oco, tão sem sentido.. Tão pouco! Há alturas em que não o reconheço e não me reconheço.. É tão diferente do que eu teimo recriar.. Tão diferente de mim! Tão diferente de mim, que por vezes a barreira parece intransponível.. Tão diferente do que eu imagino querer para mim..

Parece estar a anos luz de mim.. Gostava que tivesse um bocadinho mais de iniciativa, de não me sentir maior. Queria orgulhar-me mais! acho que é essa a questão.. Esforço-me por acreditar! Travo uma luta constante comigo para fazer subir a auto-estima.. Fecho os olhos com força, cerro os punhos! Quero acreditar que consigo e há um lugar para mim, nesse caminho.. Flutuo entre estações.. Mas há sempre o momento em que me questiono.. Em que temo, em que tremo.. "E se"? Peso os prós e os contras e não sei dizer, acho, para que lado pende a minha balança.. Se devia tomar uma atitude.. Que atitude..?

Mas depois há aqueles momentos em que tudo parece encaixar.. Em que o meu lugar parece ser indubitavelmente aqui.. Química? Carinho especial, força do hábito.. Conforto, segurança? Resultado dos momentos vividos, partilhados, apaixonados.. "E se"?

Presente envenenado

Domingo, 18 de Outubro de 2009

Hoje fui tão insensível com a minha mãe.. Quero acreditar que ela está boa e voltou a ser a mesma.. E é do caraças perceber que não! Sentir o quão débil, quão frágil é a condição.. Como as pequenas coisas, dados adquiridos para nós! Podem ser um sarilho para os que amamos.. Que ao nosso lado.. Lá está! Alguém a sofrer enquanto tu dás gargalhadas, enquanto a tua barriga dói de tanto riso! Zango-me com ela.. Quero fazê-la parar! Quero que pare de sentir pena dela para eu não precisar de me preocupar.. e poder rir sem me chamar insensível, sem o gosto amargo no fim.. Presente envenenado..

Há dias em que crescem muros, que nós fazemos crescer.. que só se desmoronam com o tempo.. com o silêncio ou a ausência. E cada uma cura as suas feridas.. Longe, metida consigo mesma.

sábado, 10 de outubro de 2009

Moeda

É difícil manter a produtividade quando o veleiro desliza ligeirinho.. Escrevo porque sim e zanguei-me com a escrita. A escrita amolece-me e eu quero ser forte! Não trabalhar tanto para a estética e mais para mim, só porque sim. Aprendi a ignorar porque dormir sobre o assunto, literalmente, obtinha o mesmo efeito.. Então porquê torturar-me com lágrimas quando tudo parece seguir o seu alinhamento.. imperfeito? Não preciso ser tão exigente assim. Não preciso puxar pelas lágrimas.

O outro lado da moeda.. É a saudade, a nostalgia que me faz dançar um sorriso nos lábios de cada vez que me leio postumamente e sinto orgulho.. de ter produzido alguma coisa suficientemente bonita para me fazer viajar atrás no tempo e reviver, bons e maus momentos. É isso que me faz voltar sempre.. Por mais longe que vá, por mais feia que seja a discussão, acabo sempre por voltar.. qual relação de amor-ódio. Reencontro o meu refúgio e habituo-me à ideia de que não estou aqui para ser lida, mas para ser descrita..

Sou eu, um complexo puzzle de infindáveis peças.. Redescubro-me, reinvento-me.. Disparam alarmes perante uma construção, uma expressão, uma palavra que parece resumir tudo! Um vislumbre mágico que reacende o bichinho..:)*

Not sent

Podes dizer coisas quando quiseres.. Era esse o balanço de que falava da outra vez! Quando te deitas e as ideias parecem formar-se tão claras e pensas que devias ter dito isto ou aquilo.. Faz-me confusão que as pessoas à minha volta não sintam essa necessidade.. Tenho tantas coisas na cabeça! E este é o momento em que digo para mim: "eu sou auto-suficiente! Não preciso da aprovação de ninguém!", e desisto de enviar a mensagem.

domingo, 4 de outubro de 2009

Auto-suficiente

Não estás aqui. És uma carinha no meu msn.. mas tão tão longe! Que parece impossível tocar-te, trazer-te para a minha realidade.. Porque é que não peço ajuda? Porque ninguém me poderia ajudar.. As palavras soariam tão ocas e sem novidade.. "Eu sou auto-suficiente", posso pensar por mim e chegar às minhas conclusões.. Porque encontro no outro e em tudo o que vem de fora o defeito.. e só o que vem de mim parece perfeito.. Falta sempre qualquer coisa! Eu sei o que se passa.. Sei quais são as soluções.. Só não estou certa de que este seja o momento certo para o admitir.. Mas saberei quando esse dia chegar. Procuro ser auto-suficiente..

Mensagem

Já sabes que agradável é uma palavra proibida! Mas sim, foi um dia bem passado.. Apesar dos meus altos e baixos.. O namoro à distância aumenta a ansiedade e a instabilidade! Quero dizer "amo-te" como um suspiro que não cabe mais dentro de mim.. E acho que é importante arranjar estas escapatórias.. Os melhores momentos da minha vida têm sido os mais imprevisíveis e por vezes os que encarei com maior relutância.. Não sei dizer como me sinto.. Mas sei que gostei muito de me deixar levar contigo.. Obrigado!:)*

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Velhos hábitos

O ruído não faz sentido, a cabeça pesa, a vista meio turva.. Espero não sei o quê, enquanto me escondo do dia claro, apetecível lá fora.. Atónita, rodeada de todos os gadjets, largada por mim. Antecipo, preparo-me.. Já está muito perto, já começou! Desconstrução, novamente..

domingo, 9 de agosto de 2009

Turbulência

A sensação desconfortável de uma afta gigante na boca e dos lábios secos, gretados.. Estéreis, tão desprovidos do calor que caracteriza os beijos doces dos amantes.. Desculpa para multiplicar os silêncios e refugiar-me na minha concha.. Ando irremediavelmente zangada e nada parece ser capaz de me tirar deste estado de irritação! Em oscilações que de leve têm pouco.. Obrigo-me a respirar fundo perante as interrupções indesejáveis, as palavras inapropriadas e as presenças que nos momentos de fúria parecem tão insuportáveis! Não me conheço assim.. Procuro recuperar a paz de espírito que me permitia levitar ao de leve sob as coisas e evitar que me afectassem profundamente..

Subo o volume do rádio mas as vibrações parecem insuficientes para afastar para longe o mau humor, a falta de paciência, de tolerância.. Enfio-me no banho, portas fechadas ao mundo.. Só eu a recuperar o fôlego, perdida nos meus pensamentos até ficar com a pele salpicada de manchas vermelhas da água quente.. Segue-se o ritual. Procuro em mim as boas energias, procuro concentrar-me numa surpresa agradável, procuro elevar a auto-estima e miro-me no espelho.. A imagem devolvida não parece tão má assim.. Não parece tão grave o efeito de umas férias prolongadas entregue aos cozinhados da mamã.. Deixo-me ficar imersa no silêncio da minha voz, conduzida apenas pela melodia, pelo ritmo que dita o rádio.. Silêncio..*

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Fúria

Larguem-me da mão! Deixem-me! Desamparem-me a loja! Deixem-me estar! Deixem-me ficar! Não me façam falar! Só quero estar.. Ver o tempo passar.. Parar de pensar! Prefiro o silêncio, não ter de responder, de dizer seja o que for.. Parar, escutar, curtir a decepção.. Formular um juízo, chegar a uma conclusão..

Estou zangada tão zangada e não sei dizer porquê! Apetece-me nem sei! Despedaçar alguém..

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Prazer

O lugar pouco importa.. Pode ser o mais variado! Só ou acompanhado.. Prazer é fechar os olhos e estar em paz, o mundo parar.. Um sorriso expontâneo, a sensação de conforto, a paz.. A paz de espírito por um instante no meio da uma discussão! Paz é estar em sintonia connosco, sentir que os pés tocam o chão e seguem o caminho que desejam.. Fechar os olhos e sentir a presença.. Saber que a sua mão segura a nossa, que o seu olhar repousa em nós e que juntos podemos optar por uma direcção, apoiando-nos quando o caminho é sinuoso..

Prazer é o equilíbrio entre cada balanço.. É a suavidade do toque, o calor sagrado do momento.. Prazer é a segurança de saber onde estamos, por mais incerto e desalinhado que corra o mundo.. Prazer é a frescura da relva debaixo dos pés descalços.. Prazer é um fim de tarde na esplanada à beira-mar.. Prazer é escutar o som da chuva e sentir o cheiro a terra molhada.. Prazer é o aconchego da lareira num dia gelado de Inverno.. A paz pode ser encontrada no aconchego de um abraço ou na solidão da nossa companhia.. Prazer é amar e ser amado..:)*

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Complicada

Serei a única? Serei só eu a deparar-me com esta sensação? Já sei.. a velha mania de que não encaixo e de que ninguém é igual a mim.. Diferente de todos.. Diferente. O pensamento, as sensações deixam-nos sozinhos connosco.. Ficam cá dentro, parte das vezes.. E essas reflexões parecem tão distantes de todos! Tão privadas, tão nossas.. Que temos a impressão de que mais ninguém poderá experimentá-las, porque estão imersas num contexto tão específico.. Não acredito realmente que ninguém percepcione as coisas como eu.. mas acredito que ninguém à minha volta o faça.. E chateia-me! Faz-me sentir tão sozinha às vezes! Porque é que eu sou tão complicada? Só queria uma bengala.. Alguém que pensasse como eu..*

terça-feira, 21 de julho de 2009

Arrepio

Quando a música nos preenche e nos enche os olhos de lágrimas.. Quando pensamos naqueles a quem queremos bem e os beijamos em pensamento.. Quando nos despedimos deles e lhes dizemos o quanto gostamos deles.. O mundo parece congelar.. Recordamos, sentimos o vazio, a solidão, a falta do abraço, do olhar mais doce.. Ficamos sós connosco.. No vazio preenchido de música.. Que é ausência amarga.. Vulneráveis às emoções, hiper-sensíveis.. Saudosos.. A melodia mais triste ou a mais poderosa.. trazem o arrepio.. Cada uma encerra o seu segredo.. Cada uma vence-nos do seu jeito.. Amamos.. Amo esse arrepio que me faz sentir que sou de carne e osso, que sou de verdade.. Que sinto, que sou real.. O arrepio é presságio de memórias latentes.. É nessa solidão que nos refugiamos quando o mundo parece virado de pernas para o ar! Quando queremos curtir a depressão ou simplesmente entregar-nos aos nossos pensamentos.. Choramos de alegria! Libertamos energias! Choramos de rir.. Choramos.. Manifestação que revela o que sentimos e o que somos..

Berço

Ando entretida a viver
A minha folga da vida
Ando entretida a entreter
A minha folga querida!

De volta ao meu canto
Sem preocupações de maior
Atrevo-me a dizer o quanto
Conheço os recantos de cor

Como sentia falta do cheiro!
Do mar, do oceano inteiro..
Da ausência de ruído
Do meu sono descansado,
De ultrapassar o proibido
De passar o dia ao teu lado..

Parece tão mais fácil! Para lá das oscilações de humor..
Tão mais acessível.. essa porção de amor..

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Perto e Longe

É estranho como tudo é tão relativo.. Como tudo é tão cheio de gradações.. Tão pouco absoluto.. entre o mais e o menos há um caminho tão longo e qualificar é tão difícil! Os adjectivos, as sensações, a intensidade das relações é tão difícil de situar, de definir.. Fica o desconforto.. porque nada serve na perfeição e tudo é tanta coisa.. e tudo é tudo e nada, e branco e preto, claro e confuso, definido e difuso.. Quando parece que estamos tão perto.. no momento a seguir um gesto, um tom nos faz recuar.. Quando estávamos mais disponíveis e confiantes, mais optimistas e despreocupados, quando tínhamos baixado a guarda.. Um instinto nos faz voltar a accionar o escudo..

É impressionante como podemos estar tão perto e tão longe de alguém.. Parece que a compreendemos tão bem, que conseguimos alcançar uma qualquer essência verdadeira que nos faz sentir seguros.. Mas há tanto ainda que desconhecemos.. que os silêncios crescem e crescem.. e o vazio entre as pessoas dilata e dilata.. Será ingenuidade acreditar que se pode chegar tão perto que nenhuma surpresa pode ser suficientemente grande para nos afastar? Para nos atirar para lá das defesas que insistimos em criar?

Memórias doces

Férias! Como dizia alguém, no Verão andamos todos mais bem dispostos! Os dias correm sem pressas, mais ou menos sem problemas.. É bom! Mas nem todas as conversas são fáceis, nem todas as conversas são leves, ao jeito do Verão.. Há palavras, há rostos, há momentos presos na nossa mente.. Memórias doces, memórias intensas.. "Se eu te perdesse.. ia deixar uma mossa na minha vida.. Eu penso na minha vida mas incluo-te, incluo-te sempre"..

domingo, 12 de julho de 2009

A máscara verdadeira

Há dias assim.. em que tudo parece fazer sentido, em que tudo parece encaixar! Em que sentimos que tudo está no devido lugar e a auto-estima sobe porque nos conseguimos afirmar.. porque finalmente conseguimos! Conseguimos mostrar essa faceta que tanto desejávamos trazer cá para fora.. Trazer, transportar para todas as facetas.. Parece tão difícil cruzá-las, mas é possível e hoje acredito. Acredito que tudo pode correr bem.. Que talvez não esteja assim tão perdida..

O cansaço e a intensidade fazem-me franzir a testa, sentir o impulso do choro.. Descarreguei tantas energias que foi violento! Sinto que não é o fim.. Sinto que há mais.. que há mais alguma coisa que ainda não consigo formular.. Que apesar de me mostrar tão cheia de mim, como eu gosto de dizer, ainda não encerrei este capítulo.. Ainda não consigo nomeá-lo.. Encontrar-me é a minha eterna busca, a minha meta. Sempre. Mas hoje acredito.. Que posso alcançar mais uma etapa..

sábado, 4 de julho de 2009

Redescobrir

30 de Junho de 2009

Redescobrir velhos lugares, velhas situações.. Velhos embaraços, velhos processos.. Redescobrir-me a mim.. Sempre e constantemente.. Tenho saudades daquelas pessoas, daquelas conversas, daqueles momentos.. É bom voltar a ter um cheirinho do que é partilhar experiências com alguém e tagarelar horas a fio! É bom confiar, é bom amarrar laços.. É bom saber que há alguém com quem contar, alguém que nos pode escutar.. É bom estar sozinha e ter a cabeça cheia de vida! Rodear-me de paz.. Sentir esse arrepio.. Parar para escutar, ver o dia ir embora.. E poder ficar em silêncio para não quebrar o encantamento.. Hoje posso finalmente dormir sem pesadelos! Posso despir-me de toda a sobrecarga e simplesmente respirar..

Ser diferente

28 de Junho de 2009

Às vezes gostava de ser diferente. Às vezes gostava de ser e fazer tudo de maneira diferente.. Ser e fazer tudo o que condeno.. Às vezes gostava de simplesmente deixar-me cair.. Mas alguma coisa me segura e me impede de ir ao fundo.. Às vezes gostava de perder o controlo, perder a cabeça e ser diferente, para variar.. Às vezes gostava de pedir socorro! De um abraço, de uma palavra.. De ir à rua, apanhar frio, apanhar chuva! Sentir o arrepio, sentir-me viva, ver tudo mais claro.. Às vezes gostava de gritar! De chorar, de perder as estribeiras e libertar todas as energias! Remover a ruga da testa e a tensão dos ombros.. Às vezes gostava de aliviar.. Aliviar a tensão, parar de pensar.. Parar de me preocupar, parar de viver.. Parar de sobreviver o estabelecido.. Às vezes gostava, desejava tanto que tudo acabasse! Livrar-me de tudo.. Nem sei de quê.. Parar de pensar, parar de obedecer..

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Paradoxo

23 de Junho de 2009

Quero parar e quero continuar.. Sinto-me perseguida! Sinto-me observada, constrangida.. Sinto-me encurralada! Sinto falta de estar com pessoas e não quero cruzar-me com ninguém..

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Gasto

Fito o calendário. Outra vez aquela sensação estranha de que me estou a esquecer de alguma coisa.. Rabugenta, sem paciência! Cansada, saturada.. Entorpecida por este calor. Passo o dia a disciplinar-me para continuar a estudar, para não parar.. As horas passam, ora mais depressa ora mais devagar.. O esforço parece sobre-humano, anti-natural.. O meu refúgio, a minha masmorra, está viciado. Estas paredes decoradas, cada minuto do dia aprisionado..

Lição

Vivo uma vida partida
Em múltiplas direcções
Vivo uma vida vivida
Entre baralhadas estações

Cada passo é só mais um
Nessa caminhada indecisa
Mais que apenas mais um
Mais uma etapa imprecisa

Às vezes gostava de ver
O esboço do quadro geral
Que ajudasse a entender
Qual o resultado final

Talvez seja essa a questão
Acabaria o mistério
Retiraria a emoção
De viver o nosso critério

A intencionalidade
É busca que nos move
Mais que validade
Fundamento que resolve

Pelo acaso ou pelo destino
Somos conduzidos assim
Qual eterno pregrino
Percorrendo um vasto jardim

Se a vida fosse vivida
Sem olhar para trás
Não seria apreendida
Nem a lição mais voraz

Raquel Tereso, 16/06/09

domingo, 14 de junho de 2009

Formatação

Silêncio, quero ouvir-me. Serei tão insensível? Descobri-me, ou pelo menos a um novo pedaço de mim, e no caminho.. Alguma coisa se perdeu.. Parece que fiz uma formatação.. Limpei o disco, apaguei todo o ruído e ficaram só as as coisas que pareciam certas.. Mas no processo, alguma coisa se perdeu.. No entretanto eu sou mais eu e estou mais sozinha.. E tento perceber o que isso significa e o que implica.. Se o passo foi dado com toda a segurança. Deixei de me preocupar tanto com os outros.. E isso é estranho.. Alguma coisa se perdeu.. e talvez tenha sido esse bloqueio que me fazia repensar e repensar as decisões que poderiam magoar alguém.. Isso torna-me melhor?

Abençoada

Iluminado pelo sol, qualquer lugar pode ser belo.. Fruir, criar afecto.. Por essas colinas, pelos campos.. Pela disposição mais ou menos organizada, mais ou menos caótica, aleatória das casinhas de cores pastel e telhadinhos laranja.. O mundo parece um presépio, visto da minha janela.. Uma maqueta gigante onde um ser de tamanho XXXXL poderia brincar às bonecas..

Vou passando, desfrutando, procurando abarcar e abraçar toda a imensidão.. Vou num safari arrojado pelas coisas da gente e da vida natural.. Tenho vontade de sorrir! Sinto-me preenchida, abençoada! Desceu sobre mim uma graça que me permite ver e apreciar.. O que o mundo tem a mostrar.. Procuro viver cada momento, aprender as minhas lições.. Encher a minha bagagem de episódios e de sonhos que me armem e me levem a um destino ameno.. Queria poder sentir sempre esta paz, queria poder arrepiar-me perante estas imagens.. Como agora, como neste momento, perante o desfile das coisas paradas.. Fixas, sem vontade ou movimento próprio..:)*

Inseparável


Terça-feira, 9 de Junho de 2009

Passamos a vida a tentar integrar-nos.. A tentar fazer as coisas bem, a tentar fazer o melhor. A tentar fazer o que nos leva no caminho mais rápido e mais fácil até aos nossos objectivos.. A tentar servir, encaixar! À procura do nosso lugar, do nosso registo.. De alguma estabilidade e segurança. Passamos a vida entre etapas, transitando de estados, percorrendo caminhos pouco lineares.. O equilíbrio é instável. Basta uma pequena oscilação para saltar para um outro posto, em que permanecemos por mais ou menos tempo.. Fases. Desmultiplicadas, diversas e efémeras.. Estados tão fáceis de perturbar.. Que passamos do paraíso ao inferno num piscar de olhos..

Mas gosto de pensar que algo fica de permanente, um resíduo de verdade.. Uma qualquer essência, o registo viciado a que acabamos sempre por regressar, por mais longe que nos leve a viagem.. Há lugares, há sensações que nos transportam para outra realidade, que nos lembram o que somos.. Que nos mostram que o cordão não se quebrou.. Gosto de pensar que há algo de estável e estático em todo este processo dinâmico.. Algo que nos faz sentir em casa.. Que revela quem nós somos, mesmo quando o preferíamos esquecer.. É essa a nossa máscara, a nossa zona de conforto.. A que nos permite sentir verdadeiras e verdadeiramente em harmonia no nosso corpo e na nossa vida.. A que faz sentido! As lentes através das quais cada coisa assume o seu lugar e o mundo gira em paz..

Este meu lugar aqui não mudou. Porque por maior que seja o salto interior, por mais bonita que seja a imagem transmitida, há uma sombra, um espectro que permanece e nos assombra.. Uma verdade maior que acaba por vir ao de cima e com a qual aprendemos a viver e a conviver.. Inseparável.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Fado

É triste e é saudade.. Mas é nosso e vem de dentro.. Toca, emociona, arrepia.. É uma paixão e um vício, põe-nos a cantarolar.. Seguimos o ritmo sem dar conta.. Entrenha-se, põe-nos a trautear.. Mais ou menos afinados, e então? Fado é para quem sabe cantá-lo, mas também para quem tem coração..:)

Não sei como dizer-te



Não sei como dizer-te que a minha voz te procura,
Que caminho sem sessar pela calçada dura..
Não sei como dizer-re que a minha voz te procura,
Que recordo a cada instante as palavras da tua doçura..

Raquel Tereso, 9/3/2006

Historinha "Tu e Eu"



Semanas coladas
Dias preenchidos.
Vidas cruzadas
Destinos perdidos.

O tempo passa e passo eu.
Mas não passo sem notar,
Mudo e vejo mudar,
Nesse conto de Julieta e Romeu..


Desligaste-te de mim e eu de ti me desliguei.
Quando te quiseste ligar, tão depressa não deixei.

Só queria que entendesses,
Que não sou brinquedo desses!
Que tenho vida e sou eu,
Bem antes de pertence teu.

Importa é encontrar
Um equilíbrio saudável,
Uma forma de estar..
Doce, viva e estável.

Não sou troféu de mirar,
Não sou propriedade.
Sou alguém, tenho voz!
Quero ser mais que saudade,
Quero ser um eu e um nós..

Quero estar presente e viver
A dois, mantendo o meu solo..
Não precisar eclipsar-me,
Para pertencer ao teu colo..

Mais que meta, necessidade:
Ser auto-suficiente, a minha prioridade.
Sentir-me realizada, capaz, independente.
Para lá desta urgência, de ver-me rodeada de gente..

Utopia, utopia.. Há-de ser sempre minha luta,
Eternamente perdida, esperançosamente resoluta..

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Sobe e desce

27 de Maio de 2009

Parece que afinal tudo ficou no seu lugar.. Sou novamente só eu no meu quarto, inundada deste silêncio pontuado pelos sons que não dependem de mim.. A minha acção parece voltar a ser bem pequenininha, incapaz de mudar grande coisa.. Porque é que as coisas não podem simplesmente bater certo? Não consigo determinar se preciso de abrandar ou de de continuar neste ritmo, para não pensar.. Os momentos de paz rasgados por uma qualquer surpresa, a maior parte das vezes pouco agradável.. Cada dia uma roda viva.. Uma disparidade de sensações..

Descobrir


26 de Maio de 2009

Nunca fui muito do tipo de gostar de natureza.. De ter prazer em apreciá-la, sair do mundo humanizado, adaptado, construído.. Do mundo dos caixotes de cimento e do asfalto, por mais agradável que fosse a ideia de passear ao ar livre.. Experiência localizada, coberta de segundas intenções..

Mas agora não. Dou por mim rodeada de verdade, de uma vida diferente da minha.. Dou por mim a observar, a ver de facto.. Descobri o encanto de parar por uns minutos e ficar só imersa no verde.. Vejo o tempo passar nos movimentos dos bichos, nas ondas do lago.. Sinto a carícia do vento e o calor do sol.. Escuto o som das folhas, agitando-se levemente.. Agora vejo-o e sinto-o. E a paz que se respira é tanta.. que tudo parece mais simples..

Acho que nós, bicho Homem é que complicamos demasiado. Rodeamos tudo de porquês e para quês.. Por que raio tudo tem de ter essa utilidade? Por que raio não podemos simplesmente desfrutar por um bocadinho o que é nosso, o que é de todos? Deixar-nos ficar, repousar o olhar.. Simplesmente contemplar, fruir essa verdade..

terça-feira, 19 de maio de 2009

Yes, I can

Quarta-feira, 13 de Maio de 2009

Respiro fundo. Foi uma conversa longa, nem sempre fácil.. Foram palavras de coragem, doridas mas esclarecidas.. Pôr cá para fora esses intrincados pensamentos em que me perco e me perco.. Um novo alento, uma mensagem de esperança vinda de quem me quer bem.. De quem ousou parar por um bocadinho, ouvir e partilhar.. A mesa de restaurante, as pessoas, o entrar e sair.. O cheiro de fast food e um ombro amigo..:) Revejo mentalmente as "ideias-chave".. Recordo mas já não me atormenta. "Yes, I can"

terça-feira, 12 de maio de 2009

Cadência



Quero apaixonar-me por palavras que me façam sorrir que nem uma totó, só de lembrar! Quero corar com lembranças doces.. Rir, chorar.. O que traz o encantamento da paixão é ficar presa pelas palavras.. São os suspiros sem razão e o nervosismo de antecipação.. Sou uma pedra neste momento. Insensível à falta, hiper-sensível à linguagem.. à expressão. Aguardo um sinal que sei que não vai chegar.. não se muda o ser e querer mudá-lo é sinal de que escasseia o amor. Entre o silêncio e as palavras vazias, a indeterminação.. Uma indecisão que me deixa sem saber.. Preso por ter cão e preso por não ter..

As palavras repetem-se vezes e vezes sem conta.. Sempre o mesmo som, o mesmo ritmo, a mesma cadência.. Não me apetece falar, não me apetece trocar mais essas palavras de circunstância, ditas e repetidas vezes e vezes sem conta.. As palavras estão gastas. O seu significado esmoreceu, por entre a banalidade do uso.. Deixaram de transportar aquela magia.. Já não quero repeti-las. Será que continuam a fazer sentido?

O dia seguinte



Tomei o banho de relaxamento, enfiei-me no robe e ala deitar na caminha aberta, não de ontem, mas do dia anterior.. De há uns tempos para cá, ela exerce um qualquer poder, um chamamento sobre mim.. Não lhe escapo! Qualquer hora é boa para me aninhar, fechar os olhos por um bocadinho e ficar ali.. Vazia, sozinha.. Só eu e o meu peso.. Embrulhado em roupagens tufadas..

Já não me incomoda a ausência de resposta no eco do quarto.. Até já canto as minhas deixas.. Até já tenho as minhas pequenas discussões mentais em voz alta.. mais familiar, menos assustador.. Hábitos, rotinas que fazem com que o beje das paredes se torne mais acolhedor.. Abro a janela e deixo entrar o barulho.. Deixo entrar o ar húmido de um dia incerto.. Antevejo umas bandeiras a esvoaçar, pelo espaço entre os cortinados corridos.. Os carros, os aviões, os pássaros, as vozes de quem passa.. já são a minha companhia. E aprendi a gostar dela.

Talvez esteja um bocadinho mais fria e ao mesmo tempo mais solta na minha vontade.. mais livre, menos coagida nesta faceta que é a minha.. Sinto-me bem. Não me quero sentir dependente.. Não mais. Quero ser a minha companhia perfeita e até me ponho a imaginar cenários, panoramas.. Quem sabe.. É tudo tão relativo, não é? É difícil qualificar a importância de algo que é um dado adquirido.. Ou que costumava ser! É difícil isolá-lo para poder pensar o seu valor..

Gosto de imaginar que há um mundo de possibilidades inscritas em cada dia.. Que posso decidir e simplesmente sair para fazer seja o que for.. Quero ter nas minhas mãos o poder de determinar o caminho e não me sentir constrangida por ele.. Quero ir.. Ou ficar! Se o meu centro estiver aqui.

Comprimido para dormir

Uma noite em claro, 30 páginas de apontamentos mais um caderno de rabiscos. A mesa rectangular, o candeeiro da luz amarela apontado às folhas e um lápis número dois. Horas. Intervalos para petiscar e praguejar palavras de desespero.. O apara-lápis, o lixo da borracha.. As mudanças de posição, as voltinhas pelo quarto, acompanhadas de uns passos de dança, a bichanar a lenga-lenga.. Baixinho que há mais gente em casa. Contar e recontar as páginas em falta, os joguinhos psicológicos para aguentar mais um bocadinho.. “Só até ali. Se estudar até ali depois ficam só a faltar estas e estas páginas, aquela matéria que é mais fácil”.. Mas nunca bate certo! Pelo menos não no tempo idealmente previsto.. Como se jogasse um estúpido jogo de computador e nunca conseguisse ganhar à máquina..

O cenário repete-se de tempos a tempos.. Com umas variações, com mais ou menos sono, com mais ou menos optimismo.. Com mais ou menos entendimento.. E sorte.. Que naquelas duas horas temos de dar tudo e tem de bater certo.. É algo violento.. Imagina que naquela hora me dá uma dor de barriga descomunal? Imagina que no caminho recebo uma notícia desgraçada.. Imagina que adormeço desesperadamente e perco a hora do teste!

Não ganho juízo.. Mas estou mais resignada.. Quem sabe desta mude! Quem sabe desta faça o meu clique.. Já consegui pelo menos não me distrair, durante dois dias de estudo, com as tentações da tv.. Talvez só precise de uma meta, de uma dose de motivação.. Talvez me faça bem não me safar.. Não me safar à rasca, mais uma vez..

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Tomar coragem

Chegou a hora. É hora de enfrentar o touro de frente e deitar mãos à obra. A empreitada requer esforço e a motivação que anda fugida de mim há tanto tempo.. Mas como é costume dizer..: o que tem de ser tem muita força!

Palavras

Como diz Hamlet "palavras, palavras, palavras.." São tudo e nada! Concretizam e no entanto são tão efémeras.. Passam como passa a vida.. Localizadas, imersas em coordenadas.. significados que são apenas mais palavras.. E o que são as palavras? Sons, mediadores, ferramentas de que nos servimos para comunicar.. Sinto-me rodeada de palavras vazias, que parecem tão sem sentido.. Palavras a que preciso de dar corpo.. de ver no seu "habitat natural"! Impregnadas de espontaneidade, de verdade! Na sua forma original, sem os revestimentos racionais.. Em bruto! Pontuadas pelos entretantos.. Pelos sons sem gramática e os silêncios carregados de possibilidades.. Preciso de ouvir, de sentir.. De dar presença às palavras.. Há muito mais e algo bem mais profundo por de trás delas, além da indiferença que quer parecer..

sábado, 2 de maio de 2009

Primeiro de Maio



A esplanada, o sol de Primavera, a companhia.. Um parque pronto a ser explorado, à beira-rio plantado.. Pequenos momentos que preenchem a memória e fazem sorrir e acreditar.. Que o planeta finalmente gira em paz e tudo está no devido lugar.. É nostálgico recordar.. Dá vontade de lá voltar! De reviver vezes e vezes sem conta.. Porque os momentos perfeitos contam-se pelos dedos.. Quem dera perpetuá-los! Fazer deles o dia-a-dia..

quarta-feira, 29 de abril de 2009

À deriva

A violência do imperfeito.. Faz-me desesperar. Não sei onde quero chegar. Pelo meu pensamento passam muitas coisas dispersas.. Ideias, lembranças, testemunhos.. Não sei onde quero chegar, não sei de que meios me quero munir.. Quero só estar. Eu só me movo.. Estou mais sozinha do que em qualquer outra ocasião. Cada vez uso menos a minha voz e já não sinto que a minha vida seja tão testemunhada por aquela pessoa.. Não da mesma forma.. Agora partilho apenas algumas coisas, certos planos.. Sinto que cada vez estou mais comigo.. Não que não precise dos outros! Pelo contrário. Talvez este seja o momento em que mais preciso dos outros.. É só que a vida levou-me por este caminho.. E eu, obediente, deixei-me ir.. Estou a conhecer sensações diferentes.. Vontades diferentes que jamais foram as minhas.. Estou só à deriva, levada pela corrente..

Transparente



Cá estou eu uma vez mais. Mais um dia quase passado, mais um dia a meio com pouco mais de absoluto a esperar.. Já fiz a minha parte, já cumpri as tarefas do dia, pelo menos as que assumo verdadeiramente.. Os dias passam assim. Sinto-me desconfortável nesta pele. Tenho vontade de falar, mas não largo o sorriso nervoso.. Não sai nada e o que sai não faz sentido. Desconexo, descontextualizado.. Quero esconder e quero mostrar.. E na indecisão das duas, não transmito nada de verdadeiro, mas algo muito mais representado.. Sinto que estou debaixo de um holofote gigante que tolda os meus actos e faz de mim uma marioneta! Já não consigo distinguir os meus gestos expontâneos dos intencionais.. Dos que mais ou menos subtilmente procuro realçar para deixar a minha mensagem, as minhas pistas.. Temo os olhares. Temo acima de tudo os olhares e o que possam significar.. Sinto-me tão artificial que, saída desse palco, só me apetece chorar.. Frustrada pela incompreensão do meu número.. Sinto-me mais sozinha neste espaço, que nos outros em que estou só.. Aqui não consigo parar de representar.. e lá fora posso ser simplesmente eu, sem recear esses olhares, sem ter de explicar coisa nenhuma.. Fora daqui tudo é impessoal.. Cada um com que me cruzo metido consigo mesmo. É igual passar por alguém sério ou sorridente.. Ninguém vê, ninguém está interessado! Somos transparentes. E essa transparência faz-nos sentir mais confortáveis, que o palco em que nos movemos, esse ambiente familiar onde nos conhecemos.. Ali somos observados e, por isso, corremos o risco de sermos vistos.. Lá fora, somos só mais um, somos só um número numa multidão de rostos sem identidade.. Atravavessar aquela porta, significa o fim de um acto colectivo.. E com o movimento de libertação de a abrir, caiu o sorriso, caiu a expressão.. Estou novamente só comigo. Sou eu outra vez, sem constrangimentos, como gosto de dizer.. Sou novamente transparente.

terça-feira, 28 de abril de 2009

Cansaço

Nada é fácil. Nada é simples, nada é linear.. Estou cansada de sorrir sem vontade, de falar através de mediadores tecnológicos.. Sinto-me perdida e magoada.. Sinto que tenho nas mãos um qualquer poder de castigar que de nada me serve.. Vejo-me forçada a proferir palavras que queria guardar, a ferir, a dizer o que ainda preciso repensar.. Quero estar sozinha. Quero esse silêncio que eu abomino! Estou cansada de falar, destes jogos entre o dito e o não dito, que requerem demasiado esforço.. Quero deixar-me estar, aninhar-me, simular esse calor.. fechar os olhos. Pesa-me o dia, pesa-me a noite.. Quero dormir, quero desaparecer! Quero descansar..

sábado, 25 de abril de 2009

Ressaca



É irónico.. Toda a semana me lamento por estar sozinha e agora que há pessoas à minha volta.. Escondo-me no meu quarto, expresso-me com os dedos.. Recolho a voz, como sempre.. Sou um bicho estranho.. Um bicho de temperamento inconstante, que muda de pele e de vontade demasiado depressa.. O barulho fere-me os ouvidos, procuro referências, demasiado dispersas.. Invejo os sorrisos de fotografias alheias e desejo ser diferente.. Ser outra, pensar de outra forma.. Paro, olho, escuto.. Em busca de uma pista.. Sinto-me abalada por uma noite inesperada.. Sinto-me esmagada por palavras que não sabia esconder.. Os meus olhos rebrilham só de lembrar.. E procuro ter esperança de que alguma coisa vai mudar. Mas não sei se acredito. Inspecciono esta recordação que parece tão irreal e questiono-me se estou certa, se fiz a coisa certa da forma certa.. Será que me apaguei? Quanto mais o penso.. mais vontade tenho de o fazer.. de me enterrar debaixo dos cobertores e ficar quietinha, em silêncio, para ninguém dar por mim.. É um recomeço e a violência da reviravolta deixou-me de ressaca.. Será que? Não sei.. O calor daquele abraço é o meu maior consolo..

sábado, 18 de abril de 2009

Corrida de Obstáculos

O que mais senão o amor.. me inspira e inspira o mundo? O que mais senão o amor desperta corações e move pessoas? Amor, Paixão.. Pela vida, pelos outros, por um sonho, por um objectivo.. A vida é uma corrida de obstáculos disputada entre nós e o mundo, dividida em infinitas etapas.. Corremos de olhos postos na meta final mas pelo meio vamos disputando pequenas batalhas.. Vamos angariando reforços, vamos coleccionando medalhas.. vencendo cada dificuldade, cada contratempo.. Um a um.. Passo a passo..*

"Voo nocturno"



Através da minha janela só escuro, tudo breu.. O ecrã do telemóvel ofusca-me a visão e lá de fora ficam apenas os recortes.. Os pontos brilhantes. As sinaléticas que nos indicam por onde ir.. Directrizes, indicações.. Escuro. Pessoas reunidas por um destino comum. As oscilações, os sons do motor, embalam-me levemente.. Os fones nos ouvidos, a música que corre sem mim.. Há lá cenário mais propício para pensar, que uma viagem? Não precisar de trocar palavras com ninguém, ser conduzido sem esforço.. Ninguém exige nada de mim, ninguém espera nada de mim.. Ficamos entregues a nós próprios, rodeados de desconhecidos.. Acompanhamos a imagem que passa na nossa janela, atentos ou simplesmente repousando o olhar.. O silêncio da voz absorta, desarmada.. Permito-me relaxar e deixo-me levar pelo movimento.. A cabeça apoiada, o corpo pesado.. O momento é só meu e todos os meus sentidos ficam alerta, identificando, percepcionando.. Momentos parados em que a nossa atenção não é disputada por nenhum interesse económico. Em que ficamos entregues a nós próprios, às nossas lutas interiores.. Ao que é nosso e só com o nosso consentimento pode ser alcançado, por maior que seja a perspicácia de alguém a ler expressões ou a ausência dela.. Momentos vazios em que me permito sonhar mais alto..

Lost

Mesmo nos lugares mais imprevisíveis, temos algo a aprender.. em cada lugar um ensinamento.. E cada novo passo que vamos dando nesse sentido.. Marca-nos, defini-nos e aos nossos limites.. Lá fora há um mundo de possibilidades e quanto mais vamos vendo, mais vontade temos de continuar a explorar.. Mais claro se torna aos nossos olhos, como somos ignorantes.. O quanto há ainda para ver! Hoje senti-me bem rodeada de tantas coisas mágicas! De tantas palavras sábias e lugares imponentes.. Quem dera estar ali e ser assim.. E ser acarinhada daquela forma! Quem dera.. Falta-me crescer.. faltam-me interesses, saber por onde seguir.. No fundo tenho muitos sonhos! Só são demasiado difusos.. E é por isso que vou seguindo as minhas vontades, na esperança de fazer "clique".. Algum dia há-de acontecer.. Talvez só precise de estar mais atenta..

terça-feira, 14 de abril de 2009

Fairy tails



Pois é.. Estão oficialmente no fim! As férias, claro.. Foram dias abençoados, apesar de tudo.. Eu e ele estamos mais perto, reina a paz aqui em casa e até a reportagem começou a andar! Os meus horários estão completamente trocados.. E a sobrecarga de filmes é mais que muita! Mas o tempo vai passando sem problemas de maior.. Depois de ver o Sexo e a Cidade pela.. Quarta? Quinta vez..? nas últimas duas semanas.. Ressoam expressões na minha cabeça.. "You are not alone", "ever thine, ever mine, ever ours".. Só porque gosto.. Só porque sou uma romântica e gosto de finais felizes.. Só porque tenho a minha esperança secreta (não tão secreta assim..) de ter também um final feliz, de ser a princesa de um conto-de-fadas.. Adoro todo aquele cenário tão moderno e tão inacessível.. Quem dera ser uma daquelas mulheres bonitas, felizes e bem sucedidas.. Quem dera ser uma daquelas princesas em cima dos saltos altos, com os seus fabulosos vestidos.. Que talvez não sejam tão fabulosos assim.. Acho que o que os torna e as torna especiais é a atitude.. E no final o que importa é sermos fiéis a nós próprios.. é a amizade, é o amor.. Não é a mensagem de qualquer conto-de-fadas? Para mim é.. E talvez não seja assim tão inacessível.. Quiçá? Ao Homem é pelo menos permitido sonhar!:)*

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Sinais



Vivemos imersos em símbolos. Sinais de que nos servimos para demonstrar fisicamente, exteriormente algo que é interior, privado.. Invisível. Como no teatro, em que só o que é demonstrado, verbalizado, é que existe. O domínio dos pensamentos e dos sentimentos está apartado dessa realidade expressiva. Dar a conhecer é objectivar o subjectivo.. E é para isso que servem essas pequenas pistas que vamos deixando.. Tudo, desde a nossa expressão facial e corporal, nos denuncia. Relata algo sobre nós. A roupa, os lugares que frequentamos, a decoração da casa, o tipo de transporte.. As pessoas com quem nos relacionamos, o trabalho e os hobbies que temos.. Sei lá! Vestir de preto quando se está de luto ou usar aliança de casamento.. Tudo isso contribui para construir o nosso retrato, reflecte um padrão, os nossos gostos.. Por todo o lado vamos deixando pistas para nos lermos.. Sinais que mostram quem somos ou quem aspiramos ser, sinais que revelam onde pertencemos.. O que queremos demonstrar e o que procuramos esconder.. Evidências, testemunhos, provas.. Sinais. Recordações que tornam vivos momentos passados, histórias e memórias.

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Nostalgia



Hoje decidi aventurar-me. Abri a porta da varanda e puxei uma cadeira para o terraço. Sentei-me. Noite alta, o tempo revolto.. O chão está molhado e o vento sopra.. Fresquinho, han? Uma revoada mais forte. Sinto-me tremer debaixo do pijama, os pés nus enfiados nos chinelos.. Sinto-me tremer, de frio e de medo. Paira uma sensação de vazio.. As árvores agitam-se, toca o sino da igreja. Não há lua, não há estrelas, só nuvens anunciando o mau tempo..

Costumava sentir-me segura aqui, em contacto.. Gostava de me deitar no chão e deixar-me estar, inventar histórias.. Costumava dançar descalça, de olhos postos no mar que se esconde lá ao fundo, no escuro.. Estar aqui desperta-me, arranca-me à moleza torpe das mantas.. das horas passadas no sofá, saltitando de filme em filme, de série em série.. É viciante! Às vezes penso que já não tenho consciência.. Ou pelo menos ela já não é eficiente na sua função de me arrancar à preguiça.. O trabalho acumula-se enquanto eu gozo de férias.. Ainda assim a culpa persiste, impelindo-me a escrever.. impedindo-me de esquecer..

Hoje fui passear. Teria sido ontem, mas os imprevistos cercaram-me, e em vez de uma caminhada banhada pelo sol, tive uma regada pela chuva.. O que não tem de ser necessariamente mau, não é? Talvez seja o destino.. O jardim é o mesmo, as pessoas, as causas.. Muda o dia que marca o calendário, mudam as palavras, o momento.. Na minha mão tenho a tua e basta.. O resto vem por acréscimo, a seu tempo..

Está frio e o som é assustador, as mãos geladas.. Já não quero estar aqui. Não hoje, não agora. Quero regressar noutro dia e poder deitar-me no chão, escutar o mundo girar sem pressas.. Quero regressar noutro dia em que a atmosfera esteja pacífica e não carregada desta revolta.. É incrível quão facilmente conseguimos alhear-nos desta energia vibrante, desta agressividade.. Fechamos as portas e as janelas ao mundo.. E brincamos de faz-de-conta.. Os sons lá de fora podem ser tudo o que quisermos.. Basta acreditar.. Basta usar a imaginação..

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Ciclicamente



Tudo acaba por se repetir, os estados de espírito.. As etapas mais ou menos dinâmicas, mais ou menos inspiradoras.. A dada altura tudo se assemelha a algo! Tudo pode ser classificado e colocado debaixo do devido chapéu.. Oscilamos entre pólos positivos e negativos.. Ora mais de um lado ou mais do outro.. No fundo, tudo se resume a isso.. Tudo se reduz a essa equação tão simples..

Atordoada novamente.. Como antes, como sempre.. ciclicamente.. Há algo de muito pesado aqui e isso tolda quem eu sou e os meus pensamentos de velha.. Fiquei tremendamente desapontada quando há uns tempos alguém no supermercado disse que era muito "menineira" e parecia ter 14 anos.. Ofensivo aos meus ouvidos.. Diz-se que a idade é um estado de espírito. Pois bem, o meu é variável! Entre as manifestações infantis, tão espontâneas (quiçá?).. Tão confortáveis, sim.. Libertadoras! E este peso que me vem de outrem com uma perspectiva menos feliz que a minha, menos optimista.. mais ferida e desencantada.. Que me faz temer os seus passos e crescer o meu fantasma. Fico entre esses dois pólos, escapatórias um do outro! Não sei se as minhas perspectivas têm algo de original.. Meras leituras! Leituras à minha maneira, moldadas por essas pequenas experiências.. Sim. Talvez algures no meio me encontre eu.. Cada ponto nesse vaivém sou eu. Ciclicamente..

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Balanço



Dei em ler o que tenho dito por aqui.. E cada pedaço de mundo que descrevo.. encaixa tão perfeitamente num tempo e num espaço, num momento.. que quando releio me parece muito distante e talvez algo irreal.. Orgulho-me de escrever o que sinto.. Mas tudo é tão transitório que surge demasiado fantasiado.. A autenticidade perde-se por entre os jogos de efeito.. Mas ainda assim acredito nalguma essência que ali resida.. Acredito que tem um significado.. Se o disse foi porque nalgum momento fazia sentido e escrevê-lo fez-me sentir mais leve.. Só por isso já considero que valeu a pena. E gosto. Gosto de me reler e me reencontrar na efemeridade das palavras.. De alguma forma dou graças por ter parado por uns instantes, reflectido e registado.. Ou aquelas sensações que considerei tão fortes, tão difíceis de conter, ter-se-iam perdido e juntado à memória difusa que fica da generalidade dos dias.. Esta função da escrita enquanto registo, o tal remédio que é veneno.. Relembra-me do que fui e revela-me quem sou e o que me dá prazer.. Desloco o orgulho para outro objecto.. O texto concluído.. a que sempre dá vontade de acrescentar um ponto.. Reflexão em constante formação.

terça-feira, 31 de março de 2009

Contrastes

Lado a lado com as pessoas que passam apressadas, de sacos e pastas na mão.. De sorrisos ou olhares distantes, envergando fato e gravata ou ténis e jeans descontraídos.. Há quem se abrigue, há quem faça a vida ao ar livre.. Há cobertores e pedaços de cartão.. Há os um pouco por todo o lado.. Nos bancos de jardim ou no resguardo das casas, nas esquinas.. Pedindo na rua, no metro.. Onde houver multidão e for local de passagem dos muitos.. Lá estão. Impondo-so aos nossos olhos.. A sua presença é tão marcada e tão recorrente, que passamos sem ver e sem sentir.. Desviamo-nos, sem tomar atenção.. Simplesmente passamos..

domingo, 29 de março de 2009

Reset

Sobro eu, sobro sempre eu! Sobra algo de mim.. Sobra um ente perdido, desesperado por uma direcção.. Amanhecemos todos os dias, recomeçamos todos os dias.. e qualquer dia é perfeito e especial para fazer uma pausa e descansar.. Para voltar a acreditar..

sexta-feira, 27 de março de 2009

Viagem

Quarta-feira, 25 de Março de 2009


Estamos constantemente rodeados de pequenos nadas que são tudo.. Sinais que nos recordam.. de que a beleza está no mais singelo movimento.. A vida é feita de partidas e chegadas. Cada objectivo uma etapa, cada sonho uma meta.. Cada movimento uma pista para entender.. Que a vida está ao virar da esquina, ao alcance da nossa mão.. Num sorriso, numa palavra.. Num gesto ou sensação.. No calor daquele olhar que nos faz sentir acompanhados, mesmo no abandono de não haver à nossa volta corpos expressivos.. Partidas, chegadas.. Cenas e actos de vidas levadas genuinamente representadas.. Cada pequeno trilho pertencendo a um caminho mais abrangente.. Em que por vezes nos movemos sem saber.. Levados, impelidos por essa força invisível.. A maior e mais preciosa viagem é a que levamos a cabo dentro de nós.. Eterna cruzada, batalha velada..

Penumbra

Às vezes pressentimos que é melhor não falar. Deixamo-nos estar na penumbra do fim do dia.. O corpo dorido, a roupa leve, o sorriso apagado, no rosto inexpressivo.. Deixamo-nos estar a cirandar pela casa.. enterramo-nos no sofá ou arrastamo-nos por aí.. Os sentidos apurados, a sensação de que se nos esvai toda a energia.. Escutamos. Limitamo-nos a atender aos apetites, movidos por uma força que julgávamos extinta.. Quando estamos sós encontramo-nos. Só é preciso estar disponível, deixar-nos levar.. Deixar-me levar pelo tempo e pelo espaço.. Fechar os olhos e sentir que sou capaz.. A balbúrdia acabou, foram-se os planos a curto prazo e sou forçada a voltar a pensar.. Mais um pequeno capítulo que chega ao fim.. O que se segue?

segunda-feira, 23 de março de 2009

Masmorra

Terça-feira, 17 de Março de 2009



Hoje foi um daqueles dias em que precisei desesperadamente de falar com alguém! Acho que foi um dia "sim", daqueles de que poderia orgulhar-me numa reunião de ajuda tipo "alcoólicos anónimos".. Sinto que estou a fazer progressos.. Falta-me é interlocutor para a minha tagarelice! Nunca se consegue ter tudo, não é? Devia publicar um anúncio: "companheiro de bolso procura-se. Discreto, paciente e bom conselheiro, para horas de conversa acerca de tudo e nada". E em letrinhas pequeninas: "não me responsabilizo por danos físicos ou psicológicos, causados por eventuais ataques de fúria"!

Este é o meu momento de desespero por excelência.. Quando mais queria falar e não tenho a quem dirigir-me.. Alguém de carne e osso, em presença aqui à minha frente! Escuto o silêncio, o assobiar do vento, o movimento lá fora.. Na minha varanda agradavelmente virada para a liberdade.. Cresceram grades, escavou-se um fosso lá em baixo.. De repente nada bate certo e a minha voz desaparece. São inúteis as palavras.. Quero dormir e que amanhã tudo tenha desaparecido..

domingo, 15 de março de 2009

Sensações

Quinta-feira, 12 de Março de 2009

Oiço carros.. Oiço música.. Oiço gente.. Está quente, mas o vento corre lá fora. Os carros deslizam pelo asfalto, talvez depressa demais.. Um avião ouve-se lá no alto.. Os passarinhos descansam. Resta o bicho-homem para interromper a quietude da noite.. No meu pequeno nicho, no meu pedaço de mundo, está escuro e estou aqui.. Escuto. Pelos buraquinhos das persianas corridas, entra uma réstea de luz amarelo-alaranjada dos candeeiros da rua.. Respiro fundo, fecho os olhos, envolta em mantas e almofadas para ficar mais acompanhada.. Buzinadela. Os olhos pesam.. Nunca sei quando parar de escrever, pois não? kiss..*

Esperança



Avanço devagarinho, levo o meu tempo.. Ninguém me apressa.. Ninguém me pressiona.. Oscilo entre apagada e alerta, cabisbaixa e alegre.. Habituar-me a estar sozinha não é mau de todo.. Encarando-o como algo provisório, uma passagem, um intervalo.. Não tem de ser um enorme poço sem fundo a abrir-se debaixo dos meus pés.. Talvez antes uma fresta através da qual entra ar puro de que me alimento e fortifico.. O silêncio nunca se instala completamente.. Há sempre planos e pensamentos.. Debates acesos sobre tudo e nada.. No meu silêncio há muitas vozes, que o preenchem de ruído..:)

Reencontro

Terça-feira, 10 de Março de 2009

Uma dedicatória às minhas queridas sempre companheiras.. (escrita no metro e postada postomamente..xD)

Ingredientes para uma tarde bem passada: boa disposição, muita tagarelice para pôr a conversa em dia, bolachas de chocolate, um filme bem ao nosso jeito, jantar, sobremesa de morrer! Uma amizade muito querida e uma boa dose de saudades...:)

Vamo-nos adaptando, vamos seguindo em frente, evitando debruçar-nos demasiado para olhar para trás.. Seguimos em frente e vamos descobrindo.. Que cada reviravolta pode ser a oportunidade de um recomeço.. A rampa de lançamento, o novo desafio.. Para nos estimular a crescer mais.. A ser mais e mais, a fazer mais e mais..

Porque vos adoro.. Ansiosa por novos capítulos recheados de aventuras!!!:)* obrigado.

domingo, 8 de março de 2009

Lar doce lar

Ainda agora cheguei.. e já estou de partida! Mas é mesmo assim.. Passa a correr e deixa saudades.. Aproveito o dia para repôr energias, escuto o silêncio imaculado.. Sem correrias de carros ou vozes ou seja o que fôr.. Deixo-me inundar de escuridão e descanso realmente. Não há lugar como a nossa casa.. Não há sono como na nossa cama!:)

Loucura é não reconhecer que se é feliz.. Momentos dourados, sorriso nos lábios!:)*

sexta-feira, 6 de março de 2009

Regresso



Regresso às aulas. Regresso ao stress (lol). Regresso às pessoas queridas. Regresso aos transportes públicos e aos horários.. Regresso à ordem. Regresso ao familiar desconhecido..

Este regresso tem sabor de recomeço.. Como se me tivesse sido dada uma segunda hipótese.. Vou precisamente a meio do percurso e com a nova casa, o novo lugar, os novos companheiros, as novas rotinas associadas à mudança de coordenadas.. O cronómetro retoma a posição inicial e volto a sentir o gosto do novo.. Mas um novo mais confortável, vá.. sem as preocupações da integração.. Esperam-me rostos conhecidos, de sorriso pronto..:) Já tenho o meu lugarzinho lá no sítio e as saudades.. mais que muitas! Saudades e nervos! Falava sozinha e respirava bem fundo, na segunda-feira quando voltei a encarar o metro.. Atenta, com medo de me enganar na direcção, não fosse o GPS estar ainda regulado para o lar número 2.. A minha antiga casinha.. Já tinha criado laços! Acho que sinto falta da cama.. Era mais confortável! E o sofá também.. E as gargalhadas? Ui..

Mas nostalgias à parte.. Até que nem correu mal! Estou a habituar-me às novas condições e a aprender a afeiçoar-me a elas.. Agora já não posso dizer que haja alguém a distrair-me.. (desculpa para a falta de concentração e adios sucessivos no estudo..) Mas quando não há motivos.. Eu entretenho-me a inventá-los! Pouco parei em casa! Entre os ajustes de conforto e as tentativas de manter-me ocupada, lá fui preenchendo os dias.. e as noites! O que resultou em dores musculares.. nas pernas, claro está! De tanto andar de loja em loja, de rua em rua, a explorar a vizinhança.. Se a isso acrescentarmos que moro a meio de uma subida (ou descida, dependendo do ponto de vista) de acentuada inclinação.. Hum.. Só vai fazer-me bem! Ao menos poupo no ginásio.. Não é?

sábado, 28 de fevereiro de 2009

De luto

Ahh.. Quem é que eu estou a tentar enganar, hum? Hoje fiz asneira.. E não sei como remedeá-la.. Não sei se me sinta ofendida, se me sinta culpada.. Não sei se sou ou não dona da razão.. É tão relativo! Preciso de uma conversa cara-a-cara.. Preciso de ficar de consciência tranquila.. Quero continuar a orgulhar-me de estar de bem com o mundo.. Não quero perder uma amiga de longa data..

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Desabafo

De costas voltadas com as palavras.. Isto soa repetitivo.. Mas segundo o mais que tudo.. Isto (por isto se entenda "blogue") serve para desabafar e dizer o que me apetece.. Quando me apetece.. Costumava orgulhar-me de dançar ballet, de pintar, de desenhar.. De ser uma boa ouvinte.. De tirar boas notas e ser responsável.. Agora insisto em recordá-lo.. Talvez porque não voltei a fazer nada de que me orgulhe.. Porque tenho saudades da sensação de fazer algo bem e ser de alguma forma recompensada por isso.. Sou muito saudasista, é verdade.. Adoro rodear-me do que me relembra o que fui e o que fiz.. As coisas que concretizei.. Se é que "concretizei" realmente alguma coisa.. Enfim.. De qualquer forma, é mais confortável olhar para o passado do que construir presente e antecipar o futuro.. Respiro fundo, tento controlar a ansiedade.. Estar desocupada é o pesadelo de quem tem a mania de pensar demais! Estar desocupada.. Só acontece porque quem tem por pesadelo pensar demais.. Não é capaz de pegar em si e pôr-se a fazer alguma coisa de produtivo.. Há quem sofra de falta de tempo e quem não saiba o que fazer ao tempo.. Pior! Quem não se esforce por agarrar o tempo..

Cheguei à conclusão que não vale a pena falar.. Que ninguém está verdadeiramente interessado em ouvir os devaneios de uma mente insegura.. Buh.. O que é que isso significa? Adoro rever fotografias.. Uma a uma.. Reler os comentários, reviver os sorrisos.. Estou sempre tão feliz naqueles retratos! Parece não encaixar.. Como é que os humores podem mudar tão rapidamente e as caras felizes esconder tantos receios? O meu mais recente.. É a nova casa. E se a forma como a recordo.. Não corresponde à verdade? Só a vi uma vez.. E a mente às vezes prega cá umas partidas.. Começamos a recriar à volta de uma lembrança.. E algo que era tão corriqueiro, tão simples, tão sem encanto.. Surge distorcido.. Muito mais fantástico do que na realidade é.. Mas isto já sou eu a pensar demais! Como é costume! E é por isso que o digo a ti, "querido diário".. Porque assim não tenho de ouvir um resposta seca do outro lado.. Ah.. Eu sei.. Eu sei que fantasio e complico muito! Mas é quem eu sou.. Que é que eu posso fazer? Ainda assim.. Sinto-me mudar.. Acho que estou a perder a fé naquela minha máxima de que falar com alguém ajuda.. Às vezes não.. Sou muito egoísta.. Estou sempre a impôr o pronome "eu".. O "me", o "mim"! Hello..? Ninguém está nem aí para isso!!! "Te encherga, né cara?" lol eu sei a quem vale a pena falar.. E estou a aprender a dirigir-me à entidade certa.. Em vez de andar de porta em porta à procura de alguém que me atenda..

Se calhar estou um bocadinho menos sonhadora.. Não, acho que não é essa a palavra.. Afinal.. Sonhos, é coisa que me falta! Fantasio muito.. Agora sonhar? Tipo "ah! Eu vou ser aquilo, e conseguir aquilo e QUERO alcançar aquele lugar".. Na.. Isso pouco.. Eu recordo e construo contos-de-fada.. Temo as "coisas más" que aparecem na televisão.. Mas parecem estar lá longe.. O típico: "isso só acontece aos outros.. Eu vou ser diferente!" E no fundo.. Eu só desejo as coisas mais básicas, parece-me.. Aquela vidinha "simples" com todos os seus dramas.. Quero experienciar o que me for apresentado.. E deve ser por isso que me limito a aceitar e a seguir a corrente.. "O que tiver de ser será".. O esforço só surge quando me é exigido.. O que é que faço voluntariamente? O que me dá prazer.. Que parece ser tão pouco construtivo.. Gosto de escrever. Mas não escrevo nada que interesse a alguém ler, não é? Aprendi com alguém.. Que estamos a ser egoístas se escrevemos para nós e o quisermos ver publicado.. Porque temos de ter sempre em mente quem vai ler.. Enfim.. Na minha mente tenho umas quantas pessoas que gostava que lessem isto! Que não é mais que um desabafo.. Um "comboio de palavras" bem à minha maneira.. Porque, não me consigo abstrair de escrever tendo alguém em vista.. Às vezes gostava.. E no fundo estou só a ser eu mesma outra vez, tentando mostrar-me..

Quando vou a conduzir e me deparo com algum carro que vai mais devagar, e embora isso me aborreça.. Deixo-me ir atrás dele, como que aceitando que é uma "mão divina" que me salva de um qualquer incidente desastroso mais à frente.. Pode ser ridículo.. Mas é verdade.. Porque procuro integrar cada imprevisto como parte do processo.. Como um passo necessário.. Gosto de pensar que o menos bom nos ensina a reconhecer e valorizar o que de bom se nos apresenta..:) e no fundo não sou mais que idealista.. Cheia das minhas terorias muito positivas.. Escapes.. Formas de defesa.. Sei lá! Quando tenho o governo de um carro nas minhas mãos.. Sinto que está nas minhas mãos a decisão.. A vida.. É tão fácil dar uma guinada e.. Nós só estamos aqui porque escolhemos seguir os trilhos, as marcas.. Ler os sinais.. obedecer à regra..

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Quem dera saber rimar



Poemas são versos sem nexo
A que alguém viu o reverso.
São palavras num complexo
Misturar de algo disperso.

Raquel Tereso, 13/10/2006

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Amanhecer

Tempestades à parte, os dias têm amanhecido mais solarengos.. E embora continue a tiritar de frio nesta minha casa/oficina gelada, os dias passam mais ligeirinhos, sem grandes dramas e preocupações..:) Findo o fim-de-semana crítico, achado o tecto em Lisboa! Uf.. Posso enfim respirar normalmente e dormir descansada.. Até já apetece o Carnaval! (Que aqui para as minhas bandas já começou há um mês, diga-se!) Pôr os fantasmas para trás das costas e dar umas boas gargalhadas! Talvez rir seja o melhor remédio!!:)*

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

São Valentim



Receita do dia dos namorados: a companhia certa, jantar num local romântico à meia luz, bebidas e sobremesas sugestivas, vestir para impressionar e um bocadinho de imaginação..

Só porque sim.. E porque gosto muito deste dia tão cor-de-rosa e meloso!! Teria de assinalá-lo de alguma forma.. mesmo fora de tempo!xD*

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Silêncio

Respiro fundo, com aqueles soluços que me caracterizam.. como se me faltasse o ar por um instante. Tremo, ansiosa.. Ando de um lado para o outro, de um lado para o outro.. Não consigo descansar. Nervos. Os nervos em franja, mal disposta, irritadiça e irritante.. Os dias vão passando, aparentemente sem problemas.. Ora bem, ora mal.. Os altos e baixos denunciando esta tempestade mais ou menos imperceptível.. Em silêncio.

Vejo-me mergulhada num silêncio estranho que parece calar apenas o que a minha voz quer gritar, o que preciso formular.. Chorei. Finalmente chorei! Mas não devo ter chorado tudo, pois nem todas as nuvens se foram.. Talvez caminhe para a cura.. Talvez esteja prestes a chegar ao "âmago" da questão.. Talvez tudo não passe de uma fase chatinha.. Em que nem eu tenho paciência para me aturar.. Quanto mais o resto do mundo! Em que faltam pontes, em que faltam pessoas e sobeja o silêncio.. Resto de qualquer operação.. Silêncio é uma mão que baralha os pensamentos e nos deixa sem saber.. Ou uma mão que nos tapa a boca e não nos deixa pronunciar.. A diferença está na intenção de falar ou na ausência dela..

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Des-sintonizada



Sinto que tenho tanta coisa a dizer.. que não consigo pronunciar uma palavra.. Eu, que falo falo sem parar.. Vejo-me rodeada de silêncio.. E desta vez não quero quebrá-lo.. É um silêncio encantado.. Como se todas as palavras se tivessem esgotado naquela conversa.. Desta vez não tenho vontade de falar. Não quero recordar tudo.. Sinto-me anestesiada.. Apetece-me chorar.. As lágrimas espreitam, a ameaça é tão real que as sinto correr.. Procuro refúgio na música, nas palavras, na melodia triste.. Quero chorar! Se levasse tudo.. Se amanhã já não estivesse assim.. Se a nuvem negra finalmente se dissolvesse.. Se a arrogância da minha voz se desvanecesse.. Se a amargura das minhas palavras desse lugar à tranquilidade perdida..

Há quanto tempo não andava assim.. Esta instabilidade, esta inconstância sem razão aparente.. Esta dependência, a falta de confiança! Tudo porque não sei seguir sozinha.. Porque preciso desse amparo, desse apoio, dessa minha base.. Tudo porque preciso de um porquê, de um para quem.. De sentir os olhos de alguém em mim.. De agradar a alguém, de ser importante.. Tudo porque só existo na relação com os outros.. Tudo porque sozinha.. A minha luz se apaga..

Tomo consciência aos poucos.. Alguém mo faz ver. São poucas as suas palavras.. Mas certeiras. E tudo vai ganhando sentido.. Tudo bate certo.. E as palavras já pronunciadas revelam-se mais verdadeiras.. E o seu sentido surge mais claro.. As peças encaixam. O dito permitia antever isto mesmo, escondia algo de muito autêntico que eu desconhecia.. que nem eu sabia que as minhas palavras transportavam.. Pequenas pistas para ler-me.. Este blogue torna-se cada vez mais um diário.. Um diário onde reflito e me encontro..

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

À beira de um ataque de nervos

Porque raio não pode existir uma casa perfeita? Preenchendo satisfatoriamente as três condições que se pedem.. Qualidade, preço e acessibilidade. (não por esta ordem necessariamente.. cada um pode ordená-las consoante as suas prioridades..) Não somos assim tão exigentes! Ou talvez sejamos.. Já não sei de nada! Sinto-me pressionada.. Não sei o que é melhor e o peso da decisão recai sobre mim.. Precisam do meu "sim".. Neste momento olha.. Venha o diabo e escolha!

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Escrever

Escrever é uma forma de estar, uma necessidade. Escrevo, principalmente, quando estou mais melancólica.. Movida, talvez, pelo medo crónico da solidão, de ficar entregue a mim mesma.. Ocupando-me. O medo turva-me os sentidos e impede-me de agir.. Medo, às vezes nem sei de quê! Melancolia, tristeza, vontade de chorar, às vezes nem sei porquê.. Mas as lágrimas não correm! Até para chorar preciso de companhia.. Da companhia de palavras certeiras, da voz de alguém dizendo o que preciso de ouvir e às vezes nem sei que preciso..

Escrever.. é divagar.. Divagar sobre o que penso, sobre o que sinto.. o que me perturba. Acho que as divagações são isso mesmo.. Reflexões em que nos perdemos e nos achamos.. Por entre as palavras, a ética e a estética de pensar.. À nossa maneira! Misturando referências, citações, alusões.. Somos isso mesmo! A leitura das nossas vivências.. Reflectida no nosso discurso.. Improviso sem receita exacta, impossível de reproduzir.. Somos acima de tudo únicos! E complicados também. Uns mais do que outros..

Contemplar



Bem perto a Nazaré, lá ao fundo as Berlengas.. Emoldurado pelo mar, iluminado pelo calor do sol de Inverno.. Quero contemplar-te sempre e para sempre, e em cada dia encontrar um detalhe novo e diferente.. Fascinar-me com o mais simples, mais puro, mais corriqueiro.. Com o que nos acompanha todos os dias.. Quero ver e notar o que há ao meu redor e senti-lo, e experienciá-lo, e torná-lo um bocadinho meu.. Por não me ser indiferente.

Para ver e fazer de um lugar nosso, não basta conhecer as referências, passar por elas todos os dias. É preciso ver.. Desarmar o olhar programado, treinado para avaliar certas medidas.. E tomar atenção, captar o pormenor.. Notar. Quando nos atrevemos a olhar para lá do já classificado, maravilhamo-nos com o que é aparentemente vulgar e insignificante.. Somos nós que criamos os tags e as etiquetas que marcam os lugares e definem o seu valor.. Neste pedacinho de sol, encontrei um quadro lindo.. Quero preservar a capacidade de olhar e de me maravilhar..:)*

Coisas de mulheres II

Fiz uma loucura! Comprei umas botas de salto alto, pretas, de camurça, bicudinhas à frente. É que tem todas as características que justificariam a minha "não compra"! Mas eu queria algo diferente.. Algo que me fizesse sentir mais velha, mais poderosa, mais.. Sexy! (é ver-me corar!) Já andava a matutar nisso há que tempos.. E desta é que foi!

O problema.. foi quando comecei a pensar.. É que atrelada à vitória da compra, veio um corrupio de dúvidas.. E lá se foi a alegria! E lá se foi o efeito positivo de uma aquisição extravagante, no ego de um espécime do sexo feminino.. As ideias desfilam-me na cabeça, sem que consiga afastá-las.. Invento argumentos para defender-me a mim mesma.. A discussão não tem lugar, mas deixa-me esgotada!

Preciso de aprovação.. Estou sempre à espera de aprovação! Não consigo evitar.. Sinto o olhar dos outros cravado na minha nuca e ajo tendo em conta a sua avaliação, antecipando os seus juízos.. Não consigo abster-me e desligar-me completamente deles.. No meu inconsciente activa-se, um qualquer mecanismo, que a minha vontade não alcança.. São a minha sombra. O meu benfeitor ou o meu carrasco! Fico nervosa.. Preciso de lhes agradar porque não é suficiente agradar-me.. O meu gosto é toldado pelo dos outros.. Porque não consigo gostar de algo que não é aprovado, por não me permitir sentir bem, cheia de mim, perante os outros..

A sua apreciação pesa-me.. Fui eu quem escolheu este regime.. mas não consigo livrar-me dele! O certo e o errado foram colocados em faces opostas da mesma moeda.. Prego que nada é tão linear, que os lugares se confundem, se cruzam.. Que existem casos e pontos de vista.. Personalidades e concepções diferentes.. Mas são só formas de atenuar, de afugentar os meus medos, negando-os.. Recriando uma pessoa mais forte e desprendida.. Quando na verdade, não passo de uma menina insegura, temerosa.. Atormentada com a ideia de ficar sozinha.. Deve ser por isso que me persegue o olhar do outro.. Provavelmente, absolutamente desinteressado..

Mas então, eis que se ergue uma voz lá do fundo! Ah! E porque não? Porque é que os desejos hão-de ficar só na cabeça? Há que estoirar com tudo! Quero sentir-me bem.. Sentir-me mais eu! Capaz, independente, auto-suficiente.. Nem que seja por breves instantes de.. loucura! Porque é que hei-de ter todos os olhos em mim? Porque é que hão-de impedir-me de ser leal a mim mesma? Isso é tudo o que condeno.. Porque é aquilo com que me debato, a minha realidade mais pura..

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Ausente



As palavras andam fugidas de mim.. Não consigo articular nada "com jeito".. Aborreço-me. Apetece-me.. apetece-me falar! Gritar, libertar energias!! Mas sinto-me sozinha.. Parece que à minha volta não há ninguém.. Não tenho audiência a quem apelar.. Não quero ser chata! Ninguém tem tanta paciência assim, que queira ouvir-me todos os dias com as mesmas lenga-lengas! Mas eu não sei ser diferente.. Não sei estar de maneira diferente.. Não consigo evitar esta insegurança que me deixa necessidade de tagarelar tagarelar até não poder mais..

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Hoje

Um dia de cada vez. Um plano de cada vez. Passo a passo se passam os dias.. Animo-me com as pequenas coisas.. Porque ainda sou optimista e tenho esperança..:)*

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Cinzento

Completa a tarefa.. e agora? Parece que não ficou nada.. E isso é angustiante.. Ahhh palavra recorrente.. E agora? Pareço um zombie a vaguear por aqui.. Não estou tranquila.. Ecoa a palavra férias mas soa tão irreal.. Não sei se é pressentimento se.. Paranóia.. Vou dormir. Talvez amanhã o dia amanheça mais sorridente..

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Direcção




Talvez afinal não valha a pena desesperar!
Talvez afinal haja um rumo a tomar..:)

Que bom deixar-me ficar.. Deixar-me ficar aqui aconchegadinha no sofá, na postura de "espectador", como covém ao professor de discurso.. (lol) e receber passivamente o que a televisão traz de bandeja, entregue ao sabor do que manda o comando! Comigo a controlar de preferência..xD

Computador no colo e cá vou eu.. Navegando ao sabor dos cliques.. Isto é cá um vício! As horas passam sem dar conta.. Só quando o estômago dá sinal de si é que reparo que se calhar devia ir jantar.. Aqui as horas passam de forma diferente.. Não há aquele ritmo, aqueles horários "fixos".. Ou pelo menos não há um grupo de pessoas que se juntam em torno de uma mesa para partilhar uma refeição..

Aqui os horários são os biológicos e as regras são as académicas.. (lol) ou não.. Manda o ritmo e a vontade.. Manda o apetite! Apetite de trabalhar, apetite de conversar, apetite de ver tv, brincar aos blogues e aos hi5.. Manda o cansaço e às vezes nem desse nos lembramos.. No empenho! No interesse! E ninguém nos vem espreitar à porta.. "não te vais deitar? Amanhã não te levantas".. As horas passam e não há beijinhos de boa noite, nem "não apanhes frio! Bebe um chazinho antes de te deitares" ou "fecha bem a porta quando chegares".. Aqui sou só eu e as campistas cá de casa à deriva entre o que dá ou não vontade de fazer.. Cumprindo as obrigações, claro! Mas nem sempre no tempo fisicamente recomendável..

Somos só nós no "põe o lixo na rua", "é a tua vez de comprar papel", "quem é que lava a loiça hoje".. Juntas, mas cada uma metida nas suas coisas.. Parece não haver grande invasão.. Tudo muito "hermeticamente" separado.. (lol) Isto de viver com conterrâneas nas mesmas idades e condições, tem muito que se lhe diga! É bom! é bom poder contar com uma amiga a qualquer hora do dia.. Com os amigos fala-se tudo, não é? Fala-se do que por vezes não chega aos ouvidos da família, nem convém que chegue! Cúmplices..

Casa de universitárias não é uma loucura assim tão grande! Até é muito pacífico, agora que já descobrimos os mistérios da cidade grande, e das saídas à noite, e das bebedeiras, vá.. Os dias passam doces.. Ligeirinhos! Sem grandes stresses, que na convivência diária, não se pode andar por aí a discutir por dá cá aquela palha! Faz rugas!!xD

Há momentos que deviam poder "congelar-se" e perpetuar-se por todo o sempre.. Momentos como este em que me deixo ficar.. Às vezes é bom não estar constrangido às palavras de circunstância! Relaxar, "estar" simplesmente.. Eclipsada do mundo. Por aqui.. Tranquilamente feliz!:)

Dias assim.. em que apetece escrever comboios de palavras só porque sim.. para desabafar e ficar mais leve!!:)*


P.S. (-3+1) yeeeee!! Só preciso de 1,5 vá lá, vá lá, vá lá!!!xD*

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Mãezinha do Shinning

Sinto-me uma mãezinha (como me chamou a Mimi, não neste sentido tão querido!lol) com vontade de proteger os filhotes (que são vocês), de vos oferecer o meu ombro quando estão com aquela cara de tédio, de desespero, de preocupação.. Quando através dos vossos olhos parados, fitos no horizonte, me sinto incapaz de adivinhar o que se passa..

Eu não sei se sei explicar a sensação.. Mas sinto que tenho uma energia que extravasa de todos os meus poros, quando estou com vocês! E tenho assim uma vontade imensa de partilhá-la e contaminar-vos também.. Mas é difícil quando todo o mundo stressa com questões tão banais (sim, banais, que nós já estamos no 14º ano disto!!! traquejo não nos falta!), com meia dúzia que nem meia dúzia são, de testes..

Ahhhh.. temos de ter esperança, temos de acreditar! Temos de pensar numa coisa de cada vez e ir avançando com segurança, sem esquecer que lá fora o sol brilha para nós também.. :) E se posso fazer o caminho para casa aos saltinhos e a cantar, porque não? Vão chamar-me louca.. E então..? Nesta terra nem ninguém fixa a cara de ninguém.. E a felicidade traz uma paz de espírito..:)

Com tudo isto quero apenas dizer.. Que quero muito vê-las sorrir mais, outra vez.. E que gosto muito de vocês.. Ah! e não se esqueçam de que eu aqui estou sempre.. Falo muito, mas gosto de ouvir..:)

domingo, 18 de janeiro de 2009

Solidão



Preciso dessa segurança, dessa certeza.. Preciso de uma base a partir da qual construir.. De me sentir acompanhada, de ver ao lado dos meus, os passos desse alguém.. O futuro é demasiado incerto, demasiado frágeis e vazias as perspectivas que tenho dele.. Preciso desse abrigo, dessa força que não me deixa cair..

Não sei estar sozinha.. Tenho medo de estar sozinha! Porque é nessa altura que os meus fantasmas me atacam.. Fico desprotegida, vulnerável, choramingas.. Tenho medo da solidão, de olhar à volta e não ter ninguém.. Às vezes sabe bem! Faz-nos sentir mais nós, podemos pôr de parte os formalismos e qualquer comportamento socialmente imposto.. Podemos ser mais nós, "sem incómodos".. Mas isso é um momento, a excepção.. Na maior parte do tempo.. É um vazio que deixa um nó na garganta.. Um silêncio que ensurdece e deixa uma inércia sem razão..

Tenho medo de acordar e estar sozinha. Tenho medo de não ter alguém que testemunhe a minha vida, que me acompanhe.. Que me note.. Preciso dessa segurança, sinto necessidade dessa certeza.. Faz com que olhar para o futuro seja bem menos doloroso, bem menos aterrorizador..

Intervalo



O tempo corre e o nervosismo aumenta.. Parece que vou ficando sem ar, como se corresse até não poder mais, perseguida por alguma coisa.. Olho à volta, mas o movimento é tão brusco que não consigo distinguir nada. Tenho medo.. Tenho medo do que se aproxima demasiado rápido.. Não me sinto preparada! Sinto-me trémula e perdida sem saber por onde pegar.. Por onde começar a desmontar este quebra cabeças gigante.. Sinto-me angustiada porque enquanto penso, o tempo passa.. Parece que já não o consigo apanhar! Quero correr e ao mesmo tempo quero parar para pensar e recuperar o fôlego.. Tenho medo.

É uma luta mental que se passa no vazio.. Que não tem forma, nem lugar.. Uma batalha que de tão imaterial parece não existir.. Que me elouquece por um momento! Uma batalha que travo contra mim mesma quando me sinto pressionada pelo acumular de trabalho, de obrigações para cumprir.. com prazo e hora marcada, a que não tenho como escapar.

Mas vai resolver-se. Acho que este intervalo faz parte do processo.. Do meu processo, ou da ausência dele.. Antes da grande empresa há sempre um momento em que exito.. Em que duvido e me arrependo de não ter feito as coisas de maneira diferente.. Já não posso voltar atrás.. O tempo não se recupera.. Não posso controlá-lo a meu bel-prazer.. Posso apenas jogar com o presente.. E fazer do agora diferente.

No final tudo correrá bem desde que dê o meu melhor.. ou o suficiente.. Não vendi a alma ao diabo, mas já não me "esfrangalho" para perseguir o tempo.. Prefiro obrigá-lo a abrandar e fazer as coisas no meu tempo.. à minha maneira.. Só preciso de traçar um plano e respirar.. Achar um equilíbrio que simultaneamente me tranquilize e me motive.. Preciso de repousar o olhar por um momento..

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Mistérios da Luz



Porque fotografar dá a ilusão de poder aprisionar algo que não é possível transportar e gostaríamos de trazer sempre connosco.. Porque permite captar a imagem que ilustra pedaços de histórias, de momentos, de panoramas.. De perspectivas que despertam memórias e sensações! Rectângulos repletos de formas e cores, que fazem viajar.. "Botões de transporte" como no Harry Potter! Basta um bocadinho de imaginação para acreditar..:)*

Inverno na capital

Cidade: carros a passar velozmente, estradas que se conhecem de cor, palmilhadas vezes e vezes sem conta, numa dança frenética para passar enquanto o sinal está verde. Ou amarelo... ou vermelho acabado de cair. Impacientes, sempre! Cá vai uma buzinadela para acordar em beleza... “E vamos a andar! Estás à espera do vermelho?” Não se ouve mas pensa-se, que abrir o vidro não. Só se forem uns gestos pouco ortodoxos pelo espelho retrovisor. Espelho esse que serve para muito mais que vigiar o vizinho de trás. Um auxiliar precioso para as senhoras que se maquilham a caminho do trabalho, enquanto esperam na fila de trânsito.

Jornais “acabadinhos de sair”, gratuitos distribuídos ou amontoados em lugares estratégicos, transportes públicos a abarrotar. Pessoas encasacadas só com a cabecinha de fora, e pouco! Deslocam-se rapidamente, perseguidas pelo calorzinho matinal. Hum…

Mas o pior é quando decide cair um pé de água como o de hoje. E logo hoje que não me podia atrasar! Assim que me aproximei das escadas para a “superfície” deparei-me com o chap chap de pés em poças de água, pessoas especialmente apressadas e chapéus de chuva no abre e fecha. Vai de correr, que não tinha em meu poder esse utensílio mágico, que reduz a quantidade de água que se abate directamente sobre nós.

O caminho pareceu esticar, tal era o desejo de chegar. Uma verdadeira corrida de obstáculos! A desviar-me das pessoas, lá fui eu aos “esses”, na tentativa vã de me proteger debaixo dos beirais, praticamente inexistentes. Pelo que consegui ver através dos óculos salpicados, eram poucos os loucos como eu, a percorrer a avenida de Berna sem o chapeuzinho espetado. Apenas um ou outro de impermeável e capuz enfiado. Tão encharcados como eu! Reluzentes.

Vermelho para os peões. Oh bolas, só faltava mais essa! E eu no meio da “ilha”, naquele retalho de calçada em que de um lado há estrada e do outro mais estrada. Nem as árvores me salvaram. Pingos ainda mais grossos para juntar a minha dose, já avantajada. Uns segundos e... Largada! As pessoas que como eu ali ficaram presas, esticaram o passo. Uma competiçãozinha saudável, para ver quem se adianta e corre mais depressa.

Qual criança de sorriso estampado no rosto, percorri o resto do caminho, agora ainda mais descampado, desprotegido dos prédios altos lá de trás. Cheguei à FCSH, saltitando para escapar às poças de água que pareciam multiplicar-se e fundir-se numa gigantesca. Tiririri... Entrei a pingar no elevador e foi preciso escorrer o cabelo para não encharcar a folha de teste.

Cinco minutos debaixo de chuva, suficientes para provocar a gargalhada geral e um constante “saíste agora do duche? Pareces um pinto”. Revigorante! Se eu soubesse que o professor estava preso no IC19, não teria vindo a correr feita maluca com aquela chuva... Ou será que tinha?

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Prazo de Validade


Nada está lá para sempre, por tempo indefinido.. Tudo tem um tempo, uma vida, um intervalo de existência..

Não sentem às vezes que tudo à vossa volta tem prazo de validade? Os lugares, os objectos, as pessoas! Não sentem às vezes que tudo tem um sabor a provisório? De que não bate certo! De que vivemos remediados, em stand by, à espera.. Provisoriamente.. Não sentem às vezes que falta qualquer coisa? Falta sempre alguma coisa.. alguém! Uma falta constante, um sentimento de impotência.. De incapacidade, de angústia que cria um nó na garganta, difícil de desatar..

Não se sentem por vezes.. incompletos? A sensação de estar em fase de preparação para alguma coisa? Para algo que pode nem existir.. O entretanto é parte integrante da vida.. Uma parte importante e significativa! Porquê menosprezá-lo? Sobrevivê-lo apenas, em vez de explorar todas as hipóteses? Porquê rodear-nos de coisas provisórias, se este entretanto é uma porção de tempo em que não nos sentimos.. confortáveis? Porquê deixar-nos adormecer, preguiçar sobre uma plataforma instável, amovível? Porque não.. desfrutá-la?

As fases de transição são mais frequentes que as fases estáveis.. Talvez porque as fases estáveis não existam.. Há sempre mais alguma coisa.. Mais uma questão, mais um incidente, mais um objectivo.. Estamos em constantes estados de transição, num entre que não nos concede lugar para descansar.. Andamos cá e lá e lá e cá.. Remediados, suportando pequenas "faltas".. Fazemos do lá e do cá nossas casas e na fragmentação ficamos sem a verdadeira referência de "casa"..

Seja lá onde estivermos fica a faltar uma peça.. O puzzle não tem solução porque não podemos juntar as várias realidades.. Somos irremediavelmente incompletos e imperfeitos..

sábado, 3 de janeiro de 2009

Passagem de Ano



Na Nazaré foi assim..:) coisa mais linda.. uma noite de excessos que sabe muito bem, diga-se!!xD*