sábado, 18 de abril de 2009
"Voo nocturno"
Através da minha janela só escuro, tudo breu.. O ecrã do telemóvel ofusca-me a visão e lá de fora ficam apenas os recortes.. Os pontos brilhantes. As sinaléticas que nos indicam por onde ir.. Directrizes, indicações.. Escuro. Pessoas reunidas por um destino comum. As oscilações, os sons do motor, embalam-me levemente.. Os fones nos ouvidos, a música que corre sem mim.. Há lá cenário mais propício para pensar, que uma viagem? Não precisar de trocar palavras com ninguém, ser conduzido sem esforço.. Ninguém exige nada de mim, ninguém espera nada de mim.. Ficamos entregues a nós próprios, rodeados de desconhecidos.. Acompanhamos a imagem que passa na nossa janela, atentos ou simplesmente repousando o olhar.. O silêncio da voz absorta, desarmada.. Permito-me relaxar e deixo-me levar pelo movimento.. A cabeça apoiada, o corpo pesado.. O momento é só meu e todos os meus sentidos ficam alerta, identificando, percepcionando.. Momentos parados em que a nossa atenção não é disputada por nenhum interesse económico. Em que ficamos entregues a nós próprios, às nossas lutas interiores.. Ao que é nosso e só com o nosso consentimento pode ser alcançado, por maior que seja a perspicácia de alguém a ler expressões ou a ausência dela.. Momentos vazios em que me permito sonhar mais alto..
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