Cidade: carros a passar velozmente, estradas que se conhecem de cor, palmilhadas vezes e vezes sem conta, numa dança frenética para passar enquanto o sinal está verde. Ou amarelo... ou vermelho acabado de cair. Impacientes, sempre! Cá vai uma buzinadela para acordar em beleza... “E vamos a andar! Estás à espera do vermelho?” Não se ouve mas pensa-se, que abrir o vidro não. Só se forem uns gestos pouco ortodoxos pelo espelho retrovisor. Espelho esse que serve para muito mais que vigiar o vizinho de trás. Um auxiliar precioso para as senhoras que se maquilham a caminho do trabalho, enquanto esperam na fila de trânsito.
Jornais “acabadinhos de sair”, gratuitos distribuídos ou amontoados em lugares estratégicos, transportes públicos a abarrotar. Pessoas encasacadas só com a cabecinha de fora, e pouco! Deslocam-se rapidamente, perseguidas pelo calorzinho matinal. Hum…
Mas o pior é quando decide cair um pé de água como o de hoje. E logo hoje que não me podia atrasar! Assim que me aproximei das escadas para a “superfície” deparei-me com o chap chap de pés em poças de água, pessoas especialmente apressadas e chapéus de chuva no abre e fecha. Vai de correr, que não tinha em meu poder esse utensílio mágico, que reduz a quantidade de água que se abate directamente sobre nós.
O caminho pareceu esticar, tal era o desejo de chegar. Uma verdadeira corrida de obstáculos! A desviar-me das pessoas, lá fui eu aos “esses”, na tentativa vã de me proteger debaixo dos beirais, praticamente inexistentes. Pelo que consegui ver através dos óculos salpicados, eram poucos os loucos como eu, a percorrer a avenida de Berna sem o chapeuzinho espetado. Apenas um ou outro de impermeável e capuz enfiado. Tão encharcados como eu! Reluzentes.
Vermelho para os peões. Oh bolas, só faltava mais essa! E eu no meio da “ilha”, naquele retalho de calçada em que de um lado há estrada e do outro mais estrada. Nem as árvores me salvaram. Pingos ainda mais grossos para juntar a minha dose, já avantajada. Uns segundos e... Largada! As pessoas que como eu ali ficaram presas, esticaram o passo. Uma competiçãozinha saudável, para ver quem se adianta e corre mais depressa.
Qual criança de sorriso estampado no rosto, percorri o resto do caminho, agora ainda mais descampado, desprotegido dos prédios altos lá de trás. Cheguei à FCSH, saltitando para escapar às poças de água que pareciam multiplicar-se e fundir-se numa gigantesca. Tiririri... Entrei a pingar no elevador e foi preciso escorrer o cabelo para não encharcar a folha de teste.
Cinco minutos debaixo de chuva, suficientes para provocar a gargalhada geral e um constante “saíste agora do duche? Pareces um pinto”. Revigorante! Se eu soubesse que o professor estava preso no IC19, não teria vindo a correr feita maluca com aquela chuva... Ou será que tinha?
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