terça-feira, 12 de maio de 2009

O dia seguinte



Tomei o banho de relaxamento, enfiei-me no robe e ala deitar na caminha aberta, não de ontem, mas do dia anterior.. De há uns tempos para cá, ela exerce um qualquer poder, um chamamento sobre mim.. Não lhe escapo! Qualquer hora é boa para me aninhar, fechar os olhos por um bocadinho e ficar ali.. Vazia, sozinha.. Só eu e o meu peso.. Embrulhado em roupagens tufadas..

Já não me incomoda a ausência de resposta no eco do quarto.. Até já canto as minhas deixas.. Até já tenho as minhas pequenas discussões mentais em voz alta.. mais familiar, menos assustador.. Hábitos, rotinas que fazem com que o beje das paredes se torne mais acolhedor.. Abro a janela e deixo entrar o barulho.. Deixo entrar o ar húmido de um dia incerto.. Antevejo umas bandeiras a esvoaçar, pelo espaço entre os cortinados corridos.. Os carros, os aviões, os pássaros, as vozes de quem passa.. já são a minha companhia. E aprendi a gostar dela.

Talvez esteja um bocadinho mais fria e ao mesmo tempo mais solta na minha vontade.. mais livre, menos coagida nesta faceta que é a minha.. Sinto-me bem. Não me quero sentir dependente.. Não mais. Quero ser a minha companhia perfeita e até me ponho a imaginar cenários, panoramas.. Quem sabe.. É tudo tão relativo, não é? É difícil qualificar a importância de algo que é um dado adquirido.. Ou que costumava ser! É difícil isolá-lo para poder pensar o seu valor..

Gosto de imaginar que há um mundo de possibilidades inscritas em cada dia.. Que posso decidir e simplesmente sair para fazer seja o que for.. Quero ter nas minhas mãos o poder de determinar o caminho e não me sentir constrangida por ele.. Quero ir.. Ou ficar! Se o meu centro estiver aqui.

1 comentário:

Sara Freixo disse...

este texto está tão "meu"! :D

identifiquei-me, caramba! continua!